Seminário de Realização: Inscrições Abertas
Este seminário, que foi desenhado em colaboração com o UnionDocs Center for Documentary Art e destaca os vencedores da recém-criada bolsa UNDO Fellowship, em conjunto com cineastas presentes na selecção do Festival, explorará exercícios de cinema radical e as linguagens em crescimento do cinema documental. Quatro conversas abertas, cada uma liderada por um académico ou crítico, abordarão o trabalho de 10 artistas apresentados no Doclisboa’19. Cada sessão centrar-se-á numa questão distinta de representação: movimentos de libertação históricos; ausências e exclusões nos arquivos; apropriação de texto, imagens e cultura; e processos físicos e sensuais de uma existência incorporada. Os cineastas convidados serão revelados depois da conferência de imprensa do festival, no dia 2 de Outubro.
22 OUT (ter) / das 10.30 às 13.00, Culturgest – Sala 4
• Erika Balsom / Éric Baudelaire
23 OUT (qua) / das 10.30 às 13.00, Culturgest – Sala 4
• Dani and Sheilah ReStack / Steve Reinke
24 OUT (qui) / das 10.30 às 13.00, Culturgest – Sala 4
• James N. Kienitz Wilkins / Matthew Shen Goodman
25 OUT (sex) / das 10.30 às 13.00, Culturgest – Sala 4
• Nzingha Kendall / Madeleine Hunt-Ehrlich
Preço (4 sessões):
• Público em geral – 30€
• Portadores do cartão de sócio Gerador – 20€
• Sócios da Apordoc e estudantes sem acreditação – 15€
• Portadores de acreditação – gratuito, sujeito a um processo de selecção
Número máximo de participantes: 30
Sujeito a um processo de selecção. O Seminário terá lugar em inglês, sem tradução.
Inscrições mediante o preenchimento prévio de um formulário aqui, até dia 16 de Outubro de 2019.
Para qualquer esclarecimento, contactar: programme@doclisboa.org
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SOBRE AS SESSÕES
Linguagens de libertação
Erika Balsom, Éric Baudelaire
A estudiosa Erika Balsom e o cineasta Éric Baudelaire propõem-se analisar o eco que as linguagens revolucionárias dos anos 1960 e 1970 – tanto do filme documentário, como da expressão artística e da acção política – têm hoje. De que forma se mantiveram e transformaram as energias desse momento? De que forma podem ser úteis para pensar por entre as urgências do presente, para o futuro? Numa altura em que a esperança de mudança política parece ser cada vez mais necessária, que formas e actos melhor podem responder à necessidade de voltar a imaginar a realidade?
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Existência incorporada
Steve Reinke, Dani ReStack, Sheilah ReStack
O ensaísta e artista Steve Reinke junta-se à dupla de artistas Dani e Sheilah ReStack, para pensar um discurso fenomenológico de natureza queer da prática documental que questiona o que um artista faz com o mundo. Apoiando-se na “domesticidade selvagem” da dupla Restack, Reinke estende-a à analise da forma como a “subjectividade selvagem” – uma abordagem híbrida do cinema, que alterna entre várias – abre um novo leque de possibilidades de representação da plenitude infinitamente complexa da existência no mundo e reinscreve essa representação com os processos físicos e sensuais de uma existência incorporada.
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Mudanças de forma
Matthew Shen Goodman, James N. Kienitz Wilkins
O escritor e editor Matthew Shen Goodman e o cineasta James N. Kienitz Wilkins perguntam qual o valor da apropriação hoje. Se o termo se tornou sinónimo de uma forma particular de apropriação cultural indevida, a adopção criativa no cinema, na arte e na escrita tem também constituído um gesto radical de crítica e um modo de chamar a atenção para condições de produção. Ao seguir uma genealogia dentro e fora do cinema e ao repensar o potencial de tais actos, esperam elaborar um discurso em torno da apropriação que lhe dê vida enquanto ferramenta para artistas, activistas e quem quer que considere a política de reclamar algo como seu.
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Reparação do arquivo
Nzingha Kendall, Madeleine Hunt-Ehrlich
A estudiosa e programadora Nzingha Kendall e a cineasta Madeleine Hunt-Ehrlich propõem-se explorar formas alternativas de construir a narrativa assentes na produção intelectual negra radical, numa resposta ao que Saidiya Hartman apelida de “silêncio no arquivo”. Perguntam como podem os contadores de histórias negros trabalhar no domínio da realidade, quando, historicamente, os registos tradicionais da realidade tornaram invisível a natureza do indivíduo negro. Poder-se-á resistir à transparência imposta a pessoas menorizadas empregando falhas e fragmentos para obter uma opacidade estratégica? Ao questionar a forma e o género cinematográficos, procuram alargar as possibilidades de as imagens em movimento ressuscitarem formas de compreensão consubstanciadas, espirituais e codificadas das vivências negras.
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SOBRE OS ORADORES
Dani ReStack, Sheilah ReStack
“Dani e Sheilah ReStack embarcaram numa relação artística que é formal e emocionalmente contígua às suas vidas domésticas, um quotidiano que partilham com a sua jovem filha Rose. Ambas as artistas têm as suas carreiras individuais. Nem o trabalho em vídeo de Dani, nem as instalações e performances multimédia de Sheilah nos podiam propriamente preparar para a força do trabalho colaborativo das duas mulheres.” Michael Sicinski (Cinema Scope, 2017).
Éric Baudelaire
Éric Baudelaire (1973, Salt Lake City) vive e trabalha em Paris, França. Depois de estudar ciência social, Baudelaire estabeleceu-se como artista visual, frequentemente centrado na investigação social e histórica. Desde 2010 que se dedica mais seriamente ao cinema. Os seus trabalhos incluem Also Known as Jihadi (2017), Letters to Max (2014), The Ugly One (2013) e The Anabasis of May and Fusako Shigenobu, Masao Adachi and 27 Years Without Images (2011).
Erika Balsom
Professora de estudos de cinema no King’s College (Londres). Autora de After Uniqueness: A History of Film and Video Art in Circulation e Exhibiting Cinema in Contemporary Art, além de co-editora de Documentary Across Disciplines. Escreve para revistas como a Artforum e a Freeze e publicou em jornais académicos, incluindo o Cinema Journal e o Grey Room. Em 2018, ganhou um Prémio Leverhulme e o Prémio de Ensaio Kovács.
James N. Kienitz Wilkins
Cineasta e artista sediado em Brooklyn. O seu trabalho estreou em festivais internacionais de cinema como Berlim, Toronto, Locarno, Roterdão, Nova Iorque, CPH:DOX, BAMcinemaFest, New Directors/New Films. Em 2017, esteve presente na Bienal de Whitney e o seu trabalho foi alvo de uma retrospectiva no Festival RIDM (Montreal). Fez exposições individuais na Gasworks (Londres), Spike Island (Bristol, Reino Unido) e Kunsthalle Winterthur (Suíça).
Matthew Shen Goodman
Matthew Shen Goodman é escritor e trabalha como editor-chefe na Triple Canopy.
Madeleine Hunt-Ehrlich
Trabalha em torno das vidas e mundos privados de mulheres negras com base em pesquisa arquivística e de campo, que depois se traduz num processo de escrita e, por fim, num processo de realização que inclui técnicas cinematográficas narrativas, documentais e experimentais. Isso significa trabalhar de perto com arquivos que até há pouco tempo não preservavam ou respeitavam vozes negras e pensar na forma de representar histórias que foram negligenciadas.
Nzingha Kendall
Estudiosa de cinema e programadora. O seu trabalho centra-se em imagens em movimento de mulheres negras de toda a diáspora. Tem um doutoramento em estudos americanos e encontra-se actualmente a trabalhar no Instituto Carter G. Woodson de Estudos Afro-americanos e Americanos na Universidade da Virgínia com uma bolsa de pós-doutoramento.
Steve Reinke
Artista e escritor, mais conhecido pelos seus ensaios em vídeo baseados em monólogos. É autor de dois livros, co-editou quatro antologias e escreveu dezenas de ensaios, sobretudo sobre filmes de artistas. É professor de teoria e prática artística na Universidade de Northwestern. O seu trabalho é representado pela galeria Isabell Bortolozzi, em Berlim.