Mensagem da Nova Direcção do Doclisboa
É com grande honra que recebemos a confiança para continuar a desenvolver um projecto que com enorme entusiasmo temos vindo a acompanhar e a ver crescer. Em 2020, o Doclisboa fará 18 anos e é com um carinho familiar que o vemos caminhar para esta nova etapa.
Agradecemos, em primeiro lugar, à Direcção da Apordoc e aos sócios. A Apordoc é uma associação rara no panorama das associações do sector. Representa os profissionais da área do cinema documental mas também o público. Qualquer um se pode tornar sócio e juntar-se a nós nesta reflexão diária. Esse carácter plural e participativo da associação desdobra-se nas suas actividades e é dessa força que este projecto continua a trilhar caminho.
O Doclisboa constrói-se a cada dia num processo de re-imaginação do mundo. Fazemo-lo ao lado de uma equipa que é seguramente uma das mais comprometidas, resilientes, generosas e inspiradoras. Nos últimos anos, trabalhámos com a Cíntia Gil na construção do festival, testando ideas, arriscando e celebrando cada novo passo. À Cíntia agradecemos a paixão e a liberdade com que sempre defendeu o Doclisboa.
O Doclisboa tem vindo a afirmar-se como um marco cultural, tanto em Portugal como internacionalmente, mantendo-se sempre como um espaço de encontro e reflexão. Foi agregando à sua volta uma comunidade, uma rede de pessoas que fazem, pensam e olham o cinema de um modo crítico e implicado no mundo, o cinema enquanto gesto de liberdade. Nesse movimento, acolhe realizadores, produtores e equipas e em conjunto continuaremos a trabalhar para que estes gestos possam seguir livres.
Em 2020, Outubro continuará a ser o mês de partilhar com o público o que arquitectamos ao longo do ano. É muito especial saber que a ocupar as salas há um público comprometido, participativo, que discute connosco e com todos os realizadores que nos visitam as propostas que apresentamos. Nas sessões do Projecto Educativo, as salas enchem-se de crianças e jovens que reclamam este lugar para discutir cinema – o que, como sabemos, é indubitavelmente discutir-mo-nos ao mesmo tempo a nós e a tudo o que nos rodeia.
Continuaremos a desenvolver uma programação atenta que desenhe um mapa do cinema contemporâneo mas que nos faça também olhar o passado na sua pluralidade. O Doclisboa continuará a ser uma plataforma para novos realizadores, ao mesmo tempo que mostra filmes de arquivo. Num momento em que o número de salas capazes de projectar película em Lisboa é cada vez mais reduzido, o Doclisboa é obrigado a repensar como continuar este trabalho. Mas continuaremos. Pois é nesse diálogo entre o ontem e o hoje que o Doclisboa se continuará a afirmar como um lugar de resistência.
O Nebulae, que nasceu em 2019, deu os primeiros passos como um momento dentro do festival dedicado ao desenvolvimento da criação, produção e divulgação do cinema independente. É crucial que o Doclisboa seja não só um lugar onde se vêem e se pensam os filmes, mas também, onde se discutam os seus modos de produção.
O Doclisboa é mais do que onze dias em Outubro. Ao longo do ano, o festival desenvolve várias actividades: extensões da programação, mostras temáticas e outros programas organizados um pouco por todo o lado, dentro e fora de Portugal.
Estamos cientes da enorme responsabilidade que é dirigir este festival, mas não o faremos sós. Este é um trabalho de equipa. Teremos connosco colegas e amigos que nos têm acompanhado ao longo destes anos e com os quais vamos continuar a trabalhar. Um grande e sincero obrigado a todos, queremos encontrar-vos uma e outra vez de novo, e continuar a imaginar futuros juntos.
A direcção
Joana Gusmão, Joana Sousa, Miguel Ribeiro