O que pode um festival?

O doclisboa é um festival com uma pequena história. A sua primeira edição teve lugar em 2002 no CCB e prolongou, de forma directa, uma década de Encontros Internacionais de Cinema Documental na Malaposta (1989-2001). Mas a equipa que este ano coordena o festival é estreante.

Acreditamos que o doclisboa 2004 valerá pelo que traz de forte: filmes importantes nunca vistos em Portugal, debates e encontros informais, convidados que merecem ser ouvidos com muita atenção, uma semana de festa.

Mas acreditamos também que o doclisboa terá ainda mais valor se conseguir aproveitar os bons ventos que sopram do documentário em todo o mundo para ajudar a modificar a situação nacional no financiamento aos filmes (ICAM, televisões, privado), na política de distribuição e exibição em cinema e, acima de tudo, no aprofundamento da relação de cada um dos espectadores do festival com o género documentário.

Este doclisboa é uma proposta de oposição construtiva. Sabemos que a actual oferta cultural é pobre, sabemos que as instituições políticas responsáveis por tutelar a qualidade desta oferta não cumprem as suas funções. Por isso, vamos mostrar durante uma semana aquilo que gostaríamos ver regularmente nos cinemas e no prime time dos canais de televisão.

O doclisboa está dividido em secções e cada uma delas cumpre funções específicas.

A
Competição Internacional dará visibilidade a um conjunto de filmes multi-premiados internacionalmente e que não tiveram eco ou apresentação em Portugal (por que foram ignorados tanto pelos distribuidores como pelas televisões).

Para onde vai o documentário português? permitirá questionar a produção nacional recente, a sua capacidade criativa, os seus meios de produção e os caminhos que se lhe abrem no futuro.

A secção
Como entender o Médio Oriente? oferece uma reflexão mais aprofundada sobre um tema que a informação trata diariamente, mas sempre de forma superficial. É um conjunto de filmes importante precisamente para perceber aquilo que pode o documentário enquanto género.

Foco sobre Espanha, além de trazer a Lisboa uma selecção de filmes estreados em sala no país vizinho (exemplo que gostaríamos de ver seguido em Portugal), é mais um esclarecimento sobre o potencial do documentário para conhecer e reflectir sobre a identidade de um país.

Finalmente, as
Sessões Especiais, onde se destaca a master class de Nicolas Philibert, definem a vontade de comunicação do festival com o grande público, em particular com uma geração de estudantes que merece ter acesso a obras de qualidade.

Em suma, cada filme do doclisboa mostra que há outras formas de criar, de participar na sociedade, de lidar com os poderes instituídos e, como é claro, outras formas de fazer televisão e de programar cinema.


  doclisboa 2004
II International Documentary Film Festival

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