Selecção de alguns dos melhores documentários de todo o mundo, produzidos na última temporada (2009-10).
Alguns multi-premiados e aclamados pela crítica, outros totalmente inéditos.
A competição internacional é subdividida em três categorias:
- Longas Metragens, com duração superior a 60 minutos
- Médias Metragens, com duração entre 30 e 60 minutos
- Curtas Metragens, com duração inferior a 30 minutos
Investigações
A secção competitiva investigações reúne filmes que procuram dar a conhecer situações críticas do presente e do passado. Por revelarem algo de novo, por se posicionarem perante a realidade, estes filmes podem interferir sobre a própria realidade ou enriquecer a nossa visão da história.
Competição Portuguesa
Selecção competitiva que apresenta alguns dos melhores documentários de produção e/ou realização portuguesa, concluídos no último ano. A maior parte das obras são estreias mundiais.
Retrospectivas
Retrospectiva Joris Ivens
O doclisboa presta este ano homenagem a uma figura tutelar, referência máxima e fundadora do cinema documental: Joris Ivens, o holandês voador (1898-1989). A monumental obra de Ivens, rodada nos 5 continentes, foca as principais transformações históricas, sociais e ideológicas do mundo ao longo do século XX e permite traçar um retrato fascinante de um universo em rápida transformação. Viajante ímpar, Joris Ivens é também um exemplo do cruzamento entre a poesia da imagem (Chuva, A Ponte, La Seine a Rencontré Paris) e a participação política (Terra de Espanha, Paralelo 17, Comment Yukong Déplaça les Montagnes). A sua última companheira e co-realizadora de mais de uma dezena de filmes, Marceline Loridan-Ivens, sobrevivente dos campos de extermínio nazis, estará em Lisboa para uma Masterclass onde discutirá o seu próprio percurso e o de Joris Ivens, através da história do cinema e da participação política através do cinema.
Retrospectiva Marcel Ophüls
Nascido a 1 de Novembro de 1927 em Frankfurt, Marcel Ophüls iniciou-se como assistente de realização do seu pai, o grande Max Ophüls. Abordou a ficção mas foi como imenso documentarista que se notabilizou – não deixando aliás de reclamar a parte de ficção nos seus filmes.
Ophüls é uma testemunha privilegiada da história do século XX e, pelos seus filmes, um activo participante – é ele que conduz a “acção”, questionando e suscitando questões.
Foi Le chagrin et la Pitié de 1969 que lhe trouxe a notoriedade. A “resistência” generalizada dos franceses durante a guerra era posta em causa, demonstrando como o colaboracionismo foi também uma realidade. E foi um choque.
Cada filme de Ophüls é um trabalho imenso de preseverança: horas e horas de material filmado, longa montagem por vezes de anos, dimensões inabituais, de três e quatro horas.
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Ophüls filma a história em directo, como em Novembertag, feito aquando da queda do muro de Berlim, ou Veillée d’armes, filmado sobretudo no célebre Hotel Holliday Inn de Sarajevo durante o cerco. Mas filmou também com persistência a memória do nazismo, desde o seu “filme inaugural”, Munich ou la paix pour cent ans, feito ainda para a televisão, depois em Le Chagrin et La Pitié e enfim em Hôtel Terminus sobre o julgamento do “carniceiro de Lyon”, Klaus Barbie.Contudo pode dizer-se que a súmula do seu método e preocupações é o magistral Veillée d’armes, que além de testemunhar propriamente o cerco de Sarajevo é uma questionação do jornalismo de guerra e do modo como as testemunhas-jornalistas moldam a percepção pública – numa das suas derivações é a celebérrima imagem de Robert Capa da morte de um miliciano na Guerra Civil de Espanha que é discutida.
Marcel Ophüls é um cineasta imenso que importa dar a conhecer numa visão de conjunto.
Retrospectiva Jørgen Leth
Jørgen Leth em 1436 toques
Com praticamente um filme realizado para cada um dos 45 anos dedicados ao cinema, o dinamarquês Jørgen Leth é um dos mais importantes documentaristas experimentais de todos os tempos. Suas grandes fontes de inspiração não se encontram, contudo, no universo do documentário.
As principais escolas que o precederam, a do documentário didático à moda John Grierson e a do espontaneísmo do Cinema Direto, serviram-lhe essencialmente como contramodelos. A cabeça de Jørgen foi feita sobretudo pelo caldeirão artístico da cultura underground dos anos 1950 e 60, combinando free jazz e cinemas novos, John Cage e Andy Warhol, Living Theater e Robert Frank.
A filmografia de Leth desenvolve-se sobretudo a partir de dois eixos formais, que se fundem num terceiro, híbrido, em sua produção de maturidade. Primeiro, há os filmes que poderiam ser chamados de documentários conceituais (The Perfect Human; Good and Evil). O segundo grupo, que abre passagem a partir de meados dos anos 1970, é o de documentários testemunhais, que procuram recriar em sons e imagens o fluxo de suas experiências (Notebook from China; A Sunday in Hell; Aarhus). Aos poucos, aqui e acolá, o cinema de Jørgen passou a embaralhar estes dois discursos fílmicos, combinando-os numa mesma obra (Notes on Love; The Five Obstructions –codirigido por Lars von Trier).
É um pouco deste vasto cinema que o DocLisboa apresentará pela primeira vez ao público português em outubro próximo.
Programações temáticas
A Cidade e o Campo
O espaço social do campo, da ruralidade e do trabalho agrícola e o da cidade e do urbanismo foram, desde muito cedo, temas privilegiados do cinema. A transformação progressiva do espaço rural e a formação da cidade contemporânea foram quase sempre no cinema duas ecologias opostas, matérias também eminentemente cinematográficas cuja percepção pública foi muitas vezes moldada pelo próprio cinema. O ciclo não esgota a riqueza desse corpo na história do cinema, mas procura livremente filmes em que a questão principal é a da formação de um olhar sobre esses dois espaços, privilegiando exemplos em que os dois existem ao mesmo tempo, em que se filma o seu confronto, em que um surge por vezes através das marcas ausentes do outro e em que se filma a transformação quase sempre irreversível de um espaço. Propõem-se diversas formas de ver o campo (registar a paisagem, o trabalho, os costumes aquilo que permanece) e a cidade (a sua constante transformação, o seu tecido social, aqueles que a habitam). São filmes sobre a ideia do campo, a utopia urbana, mas igualmente sobre o abandono, sobre a preservação dos gestos do trabalho, sobre a resistência à expansão urbana e industrial, as lutas camponesas, sobre os ritmos da cidade e a expansão metropolitana.
Homenagem ao Documentário Suíço
O doclisboa presta este ano homenagem ao documentário suíço, que mantém uma tradição de grandes obras filmadas em 16mm e em 35mm. A Suiça é um país onde o saudável apoio do estado às artes permitiu a criação de um verdadeiro cinema documental, com estreias regulares em salas de cinema. Da programação destaca-se desde já o nome de Richard Dindo. Com uma carreira de mais de 30 anos, o realizador suíço realizou cerca de 20 filmes quase todos documentários (tem uma única ficção) e biográficos: pela sua cãmara passaram Che Guevara, Jean Genet ou Arthur Rimbaud. Richard Dindo tem também questionado o seu país e o seu posicionamento social e político em diversas situações e momentos da história. Outro tema recorrente na cinematografia de Dindo é o confronto entre movimentos de jovens idealistas com os interesses políticos instalados, como em Dani, Michi, Renato & Max uma investigação sobre o papel da brutalidade policial na morte de quatro jovens
Os rebeldes e os poetas, as vítimas e os visionários renascem através dos filmes de Richard Dindo e ficam na memória dos espectadores, como relatos factuais e longe de quaisquer dramatismos.
Riscos
Esta secção paralela do festival tem por objectivo revelar obras ousadas, inovadoras, que se situam na fronteira entre a ficção e o documentário.
Heart beat
Secção paralela, que apresenta documentários onde a música é um elemento fundamental. Este ano teremos um Heart Beat «vintage», onde se redescobrem ou apresentam pela primeira vez em sala obras primas esquecidas.
Continuam abertas as inscrições para as sessões escolares.
Consulte aqui o dossier escolas.
Para mais informações contactar Maria João Soares - mariasoares@doclisboa.org tel: 96 023 6005 / 91 011 6147 / 21 793 3702
Voluntários
O doclisboa precisa de voluntários, alguns já em meados de Setembro e outros em Outubro.
Envia os teus dados, interesses e disponibilidade para: voluntarios@doclisboa.org
VIDEOTECA APORDOC
Os filmes exibidos no doclisboa 2009 estão disponíveis para visionamento na videoteca da Apordoc. Para mais informação: apordoc@sapo.pt
FOTOGALERIA 2009
Veja as fotografias da última edição do doclisboa: aqui