O título desta retrospectiva corresponde à frase que constou no poster do filme Terceira Geração de Reiner W. Fassbinder. Esta é uma retrospectiva que não nasce apenas de uma urgência de actualidade, mas também de uma vontade de compreender a nossa contemporaneidade, no que toca a heranças ideológicas, dinâmicas de poder, determinações geopolíticas.
O fenómeno do Terrorismo foi representado de forma plural na história do cinema, muitas vezes até de forma premonitória. Foi, inclusive, um problema cinematográfico, no sentido em que forçou cineastas a repensarem o seu cinema perante acontecimentos de tal forma ruptores da ordem política, social, mesmo estética. É deste esforço e das estratégias cinematográficas inventadas pelos cineastas que esta retrospectiva nos falará.
De Espanha à Alemanha, de Itália à Irlanda, dos EUA ao Japão, à Palestina, ao Bangladesh, França e Peru, apresentaremos um grande número de filmes, muitos deles inéditos em Portugal, que colocam o problema do Terrorismo antes de mais como um desafio às comunidades mas também ao cinema.
Incluiremos, neste conjunto, filmes realizados por membros de diferentes lutas armadas, que viram no cinema espaço de reflexão mas também de elaboração ideológica.
Como representar cinematograficamente um acto de tal forma singular, traumático, que transforma irremediavelmente o presente e a história? Quais os problemas de representação próprios ao fenómeno em si? – Representação do poder, do Estado, da Revolução, do terrorista, das classes, da territorialidade ou do futuro. Esta retrospectiva põe em jogo uma história possível do mundo contemporâneo, mas também uma interrogação sobre a dinâmica estética e política de um cinema que enfrenta directamente um tal fenómeno.